terça-feira, 1 de setembro de 2009

Lina da “receita”

O telefone toca. Um funcionário da repartição atende.
- A dona Dilma está?
- Quem está falando?
- Diga que é a Lina da “receita”, ela já me conhece.
- É pra senhora... É a Lina da Receita, parece que é urgente. - entrega o telefone para Dilma.
- Alô! O que foi agora? – ecoou a voz altiva de Dilma.
- É sobre o nosso encontro?
- Que encontro minha filha... Eu já disse que nunca nos encontramos.
- Como assim, dona Dilma?
- E já pedi para não ligar. Se me colocam um grampo as coisas pioram...
- Que grampo?
- Grampo, minha filha... Grampo!
- Mas não trabalho mais na papelaria...
- Esquece que eu existo e vê se não liga mais.
- Mas o que faço com a encomenda? Preparei direitinho conforme o seu pedido naquele nosso encontro.
- Encontro? Não houve nenhum encontro! – esbravejando.
- Olha aqui minha senhora, alguém vai ter que pagar! Posso falar com o seu chefe?
- Eu acho que a senhora não entendeu. Nós nunca nos encontramos, não existe nenhum pedido. Agora você vai desligar este telefone e me deixar em paz.
- Senhora, a receita do fitoterápico que a senhora encomendou naquele nosso encontro na farmácia custou mais de R$ 100. Ou a senhora paga esta conta ou vou ter de falar com o seu chefe.
- Fitoterápico? Espera só um pouquinho... Quem é que está falando?
- Valdelina, a Lina da receita de remédio que a senhora encomendou na FarmaPac...
- Que susto minha filha. Pode subir. Ah! Registra o seu nome inteiro na portaria, nada de apelidos. – desliga aliviada o telefone.

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