terça-feira, 1 de setembro de 2009

Cartão vermelho

Apressadamente, Eduardo entrou numa papelaria.
- Por favor, preciso de um papel-cartão vermelho – bradou um Eduardo ofegante.
- Pode ser amarelo?
- Não! Preciso mesmo é de um vermelho.
- Este laranja escuro se aproxima do vermelho.
- Acho que a senhora não me entendeu. Preciso de um papel-cartão vermelho.
- Temos todas as cores, mas o vermelho acabou.
- Tem algum outro tipo de papel com boa espessura e que seja vermelho?
- Mas que tamanho?
- Assim... - Eduardo “desenhou” com as mãos o tamanho.
A robusta senhora caminhou lentamente arrastando a chinela. Retirou um mostruário de uma pasta vermelha e retornou deliciosamente ao balcão.
- Serve um roxo clarinho? Este aqui se aproxima muito do vermelho.
- Não! Preciso mesmo do vermelho. Cartolina vermelha tem?
- Não.
Desapontado, Eduardo se retirou cabisbaixo da papelaria e caminhou contando os passos. Parou num fast food, pediu um daqueles lanches gigantes. Separou o pepino para comer por último e devorou fervorosamente o hambúrguer enquanto sorvia um refrigerante tamanho família. Deu um discreto arrotinho e recortou a parte vermelha da caixinha que acomodava o lanche. Retirou-se sorridente da lanchonete e deu longos passos até chegar à tribuna. Fez um discurso inflamado e, inesperadamente como se fosse um juiz de futebol, mostrou o cartão vermelho recortado de uma caixinha de hambúrguer.

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